Sunday, December 1, 2024
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Um método inovador para induzir a formação de novos vasos sanguíneos no coração, abrindo perspectivas para o aparecimento de outros tratamentos de doenças cardiovasculares, foi descoberto no âmbito de uma investigação internacional liderada por Henrique Girão, da Faculdade de Medicina de Coimbra.

 

Este trabalho permitiu descobrir como induzir a formação de novos vasos sanguíneos no coração, usando exossomas produzidos por células em cultura, anunciou esta segunda-feira a Universidade de Coimbra (UC) em comunicado de imprensa. Os exossomas são pequenas vesículas sinalizadoras que permitem a comunicação e a partilha de informação entre células, órgãos e tecidos, explica o comunicado. Podem ser encontrados na maioria dos fluidos biológicos, incluindo sangue, urina e saliva, circunstância que tem merecido grande atenção por parte dos cientistas, dado o seu “enorme potencial terapêutico e de diagnóstico”.

No estudo, os investigadores demonstraram que o “conteúdo” destas pequenas vesículas varia com as condições a que o coração é sujeito, refere a nota de imprensa: “A informação veiculada pelos exossomas é determinada pelos estímulos, ou danos, induzidos no coração, como é o caso da isquemia, que leva ao enfarte do miocárdio.”

 

A partir desta informação, a equipa de especialistas descobriu que exossomas libertados por células do músculo cardíaco sujeitas a isquemia têm a capacidade de libertar sinais que promovem o crescimento de novos vasos sanguíneos no coração.

“Quando deixam de ser devidamente alimentadas, por privação de nutrientes e oxigénio, devido à obstrução de um vaso sanguíneo, [as células do músculo cardíaco] emitem pedidos de ajuda com o objectivo de estimular o crescimento de novos vasos sanguíneos que possam compensar os que se encontram bloqueados ou disfuncionais, permitindo restabelecer a circulação sanguínea e a função cardíaca”, adianta Henrique Girão, citado no comunicado.

Os especialistas começaram, assim, por identificar o tipo de mensagem que é emitido pelas células do músculo cardíaco, quando expostas a condições adversas. Depois, acrescenta o investigador português, foi demonstrado que são exossomas ricos em determinadas moléculas reguladoras – denominadas micro-ARN – os responsáveis por induzir os mecanismos que levam ao crescimento de novos vasos sanguíneos, num processo designado angiogénese.

Experiências durante este estudo em ratinhos, aos quais foram aplicados, através de uma injecção intracardíaca, exossomas libertados pelas células danificadas, permitiram verificar que, ao fim de um mês, os corações dos animais sujeitos ao tratamento apresentavam mais vasos sanguíneos e registavam uma melhoria da função cardíaca.

 

Publicado na revista científica Cardiovascular Research, este trabalho teve ainda a participação de investigadores do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Universidade de Nova de Lisboa, do Instituto de Medicina Molecular, do Imperial College de Londres e da Faculdade de Medicina da Universidade de Genebra, na Suíça.

Estes resultados podem “abrir portas a abordagens terapêuticas inovadoras para tratar doenças do coração provocadas por disfunção vascular, como por exemplo no caso do enfarte do miocárdio, a principal causa de morbilidade e mortalidade em todo o mundo”, salienta Henrique Girão. “Para além de doenças cardíacas, esta abordagem poderá ser útil em outras patologias em que a terapia passe pela promoção do crescimento de novos vasos.”

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