Josiah Zayner, antigo bioquímico da NASA, tornou-se, recentemente, na primeira pessoa a usar uma ferramenta de edição genética para alterar os seus próprios genes. Em outubro deste ano, o jovem de 36 anos, serviu-se da ferramenta CRISP para desencadear uma mudança genética nas células associadas ao desenvolvimento de massa muscular.
Num pequeno auditório, na Califórnia, Josiah Zayner injetou uma seringa contendo DNA e outros químicos, tendo transmitido a experiência, em direto, através de live streaming, pela internet.
Sendo já conhecido como um dos biohackers mais proeminentes, o norte-americano garante querer “ajudar os seres humanos a modificarem-se a si próprios”.
Pese embora os avisos por parte da FDA (Food and Drug Administration), entidade americana que regulamenta o sector, e que considera ilegal a venda de produtos de terapia genética sem a devida regulamentação, o bioquímico abriu, nos últimos meses, uma empresa dedicada a vender kits que permitem ao cidadão comum iniciar-se nas técnicas básicas da engenharia genética.
O uso da terapia genética para este tipo de fins levanta, assim, importantes questões éticas que começam agora a ser debatidas em larga escala.
Poderá o acesso facilitado a este tipo de ferramentas constituir um perigo para a saúde pública? Podem as experiências com esta ferramenta provocar mutações indesejadas de genes? Podem alterações no genoma de micro-organismos torná-los mais poderosos?
Poderá o desenvolvimento de ferramentas de edição genética ser uma das próximas revoluções na ciência? Ou, pelo contrário, levantará o debate em torno da potencial criação de “super-humanos”?
Para Zayner, para quem “os danos provocados pela tecnologia” são um mal menor quando comparado com “os milhões de pessoas que morreram diariamente”, “o potencial da edição genética é enorme”.
Desde um uso potencial para o tratamento do cancro e de outras doenças genéticas e infecciosas até à manipulação por forma a impulsionar o desenvolvimento cognitivo, para o cientista, tudo é possível.
“Nunca tivémos controlo sobre quem somos, geneticamente. Somos o que os nossos pais nos deram, mas, agora, podemos mudar isso”, afirma o biohacker.
O bioquímico recorda, aliás, que existem terapias de mutação genética desde 1990, pese embora tenham sido apenas aplicadas num par de pessoas e com objetivos clínicos muito específicos.
Quando questionado pelo jornal The Guardian de que forma o mundo beneficiaria caso a edição genética se tornasse comum, Josiah Zayner, confessa que imagina “as pessoas a deslocar-se a algum sítio, como se deslocam a um tatuador para fazer uma tatuagem, mas a escolher determinado DNA que os torne mais musculados ou que mude a cor do seu cabelo ou dos seus olhos.”
Para já, Josiah Zayner, aguarda os resultados da injecção, que serão avaliados nos próximos meses.
![](http://scienceplatformpt.cbmr.ualg.pt/wp-content/uploads/2017/12/crisp-desk.png)
Quando questionado pelo The Guardian de que forma o mundo beneficiaria caso a edição genética se tornasse comum, Josiah Zayner, confessa que imagina “as pessoas a deslocar-se a algum sítio, como se deslocam a um tatuador para fazer uma tatuagem, mas a escolher determinado DNA que os torne mais musculados ou que mude a cor do seu cabelo ou dos seus olhos.”