Saturday, December 7, 2024
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O que é, exatamente, o perfeccionismo?

 

Os especialistas tendem a definir perfeccionismo como “uma combinação de padrões pessoais elevados e auto-avaliações excessivamente críticas”. Contudo, parece existir nesta definição mais um conjunto de nuances.

Gordon Flett e Paul Hewitt são dois conceituados nomes na área do perfeccionismo, tendo estudado o fenómeno durante décadas. Gordon Flett é professor da Faculdade de Saúde na Universidade de York, em Ontário, no Canadá, e Paul Hewitt é professor de Psicologia na Universidade de British Columbia (UBC), também no Canadá.

Juntos, definiram as três principais facetas do perfeccionismo, num estudo publicado há quase 30 anos. Concluiram que existe um perfeccionismo auto-orientado, um perfeccionismo orientado para o outro e um perfeccionismo socialmente prescrito.

No vídeo que mostramos em seguida, Paul Hewitt e o Laboratório de Psicopatologia explicam estas três nuances do perfeccionismo mostrando de que modo nos podemos prevenir dos seus efeitos nocivos.

 

De que modo pode o perfeccionismo afetar a nossa saúde mental?

 

Num estudo recente conduzido por Thomas Curran, do Departamento de Saúde da Universidade de Bath, no Reino Unido, e Andrew P. Hill, da Universidade de York, os investigadores comprovaram que o perfeccionismo pode ter um impacto severo na saúde mental do indíviduos, sendo que o chamado perfeccionismo social é a forma mais debilitante para a saúde humana.

 

Neste tipo de perfeccionismo, “os indivíduos acreditam que o seu contexto social é demasiado exigente, que os outros os julgam de forma severa e que, por isso, precisam de mostrar perfeição em tudo o que fazem para obter algum tipo de aprovação”.

 

Ansiedade, depressão e tendências suicídas são apenas alguns dos problemas mentais que os especialistas referem como estando, repetidamente, associados a esta forma de perfeccionismo.

 

Um estudo anterior revelou, por exemplo, que mais de metade das pessoas que cometeram suicídio foram descritas pelos seus familiares como “perfeccionistas”. Outra investigação descobriu que mais de 70% dos jovens que se suicidaram tinham por hábito criar elevadas expectativas relativamente a si próprios.

 

Estas tendências tem vindo a crescer ao logo das últimas décadas, particularmente nos países anglo-saxónicos. Thomas Curran e Andrew P. Hill trabalharam com mais de 40.000 jovens americanos, canadianos, e britânicos e descobriram que de 1989 a 2016 a fatia de população com traços de perfeccionismo subiu cerca de 33%.

 

Como Thomas Curran e Andrew P. Hill assinalaram o “perfeccionismo auto-orientado” – que ocorre quando “os indivíduos atribuem importância à tentativa de serem perfeitos, mantêm expectativas irrealistas sobre si mesmos e são exigentes consigo próprios” – encontra-se associado à depressão clínica, a transtornos alimentares e, inclusive, à morte prematura entre estudantes universitários e jovens, devido a suicídio.

Contudo, desengane-se quem pensa que o perfeccionismo surge apenas associado a doenças mentais. Alguns estudos concluem que problemas como a pressão arterial elevada e outras doenças do foro cardiovascular são mais frequentes entre pessoas perfeccionistas.

 

Para além disso, quando confrontados com doenças físicas, os perfeccionistas parecem ter mais dificuldade em lidar com o problema. Investigações conduzidas por Gordon Flett mostram que existe um risco muito maior de morte precoce devido a diabetes, doença de Crohn ou reicidiva de ataque cardíaco no caso de pessoas mais perfeccionistas.

 

Como explica Gordon Flett, em jeito de conclusão, “a ligação entre o perfeccionismo e doenças mentais graves não é, de todo, surpreendente, na medida em que o perfeccionismo implacável pode ser um condutor de stress crónico”.

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