Um grupo de cientistas escolheu, por entre os livros lançados em 2017, os títulos mais destacados do ano. Por entre a lista encontramos The Silk Roads, Gut and This is going to Hurt.
Algumas das leituras de 2017 são, sobretudo, um lembrete de que, mesmo numa era repleta de informação, há livros que podem inverter a tendência.
Stephen Curry, cientista e comunicador de ciência do The Guardian Science blog, destaca os seguintes títulos:
“O livro de Peter Frankopan’s – The Silk Roads, a nova história do mundo fez mais ou menos isso por mim, mostrou-me que há livros que podem inverter a tendência. Trata-se de um livro sobre a era obsessiva do Brexit. Inferior, de Angela Saini, trata de mostrar-nos, através de um conjunto de factos, como a ciência tem subestimado, ao longo do tempo, o poder das mulheres, tratando-as com preconceito e impedindo-as de divulgar melhor os seus trabalhos. Why I’m No Longer Talking to White People About Race foi o livro mais perturbador que li ao longo do ano. Mas, no final da primeira página de Lila, de Marilynne Robinson, senti que estava de volta à companhia de um amigo de confiança. Não conheço ninguém que escreva com mais paixão sobre a força e a fragilidade da vida humana e do amor. Por fim, não posso esperar para o próximo ano para introduzir aos filhos dos meus amigos Mr Shaha’s Recipe for wonders, um livro que inclui experiências que podem ser realizadas em casa.” (Stephen Curry)
“O livro de que mais gostei este ano foi a autobiografia de Oliver Sacks On the Move: A Life. Como era de esperar é tecido com o seu brilhante intelecto, com a sua curiosidade, com a sua humanidade e o seu respeito, bem como pelo seu já reconhecido sentido de humor. O que eu não podia prever era que ia encontrar uma inspiradora história de vida que alimentaria de expectativa o meu próprio trabalho e a minha dedicação ao ensino.
Gut, de Giulia Enders, foi igualmente maravilhoso e fascinante. Retiro deste livro a ideia de que somos, basicamente, máquinas feitas de carne e as bactérias intestinais são criaturas microscópicas que nos controlam e nos dão poderes especiais. Fiquei ainda impressionada com a obra de Elizabeth Gilbert – The Signature of All Things, que deu um salto dos seus textos autobiográficos anteriores às frustrações e aventuras do início do século XIX.
O que espero para o próximo ano? Parece que existirão uma série de livros com polvos na capa, o que me agrada. Mas estou, essencialmente, à procura de tempo para ler a coleção de ensaios de Oliver Sacks, The River of Consciousness, narrada pelo seu colega e de publicação póstuma”. (Nathalia Gjersoe)
“Por razões que ainda tenho de explorar, os meus hábitos de leitura tendem, este ano, para retratos da vida real. Apesar de tudo, embora não seja a pessoa mais indicada para recomendar livros a amigos e colegas, foi gratificante assistir ao lançamento de The Seven Deadly Sins of Psychology. O livro oferece um excelente resumo do estado-da-arte da pscicologia moderna ao mesmo tempo que oferece muitas soluções práticas para problemas que parecem persistir no terreno neste momento. Mas, se procura a verdadeira representação da vida real, não pode fazer mais do que ler This is Going to Hurt, de Adam Kay, um livro simultaneamente hilariante e trágico que nos conta o dia-a-dia de um médico e a forma como tocou a vida de milhares de pessoas. E, por fim, apesar de ser um livro que já li inúmeras vezes, recomendo a leitura de Becoming Johnny Vegas, de Michael Pennington, uma autobiografia sobre a sua metamorfose pessoal e sobre o mundo da comédia.” (Dean Burnett)
Em Portugal
A Ciência e os seus inimigos – A ciência tem poderosos inimigos. Desde logo o autoritarismo e a ignorância, que muitas vezes andam de braço dado. A ciência tem-nos permitido viver cada vez mais e melhor. Mas enfrenta hoje sérios adversários, que põem em causa a nossa segurança e o nosso bem-estar. Impõe-se por isso a defesa da ciência, que é também a defesa da democracia. A ciência precisa da liberdade de pensamento que é marca das democracias. Mas as democracias também precisam da razão da ciência para assegurar prosperidade e bem-estar.
A defesa da ciência é também a defesa da sociedade livre e aberta. Um novo livro com histórias de ciência, de dois autores e divulgadores de ciência bem conhecidos do público português: Carlos Fiolhais e David Marçal. Aqui se analisam temas muito actuais à luz da ciência, com um misto de informação, interesse e humor, tornando o livro apelativo para múltiplos leitores.
Mulheres na Ciência – A Ciência Viva presta homenagem às mulheres cientistas portuguesas, que representam 45% do total de investigadores no nosso país e cujo trabalho notável tem sido fundamental para o progresso que a Ciência e a Tecnologia nacionais registaram nas últimas décadas.
O livro reúne mais de uma centena de retratos de investigadoras portuguesas realizados pelos fotógrafos António Pedro Ferreira, Clara Azevedo, Daniel Rocha, José Carlos Nascimento e Luísa Ferreira, a convite da Ciência Viva.
Da Biologia à Matemática, da Química às Ciências Sociais, da Física à Arqueologia, das Neurociências à Geografia, da Engenharia à História, das Ciências do Espaço à Filosofia, Mulheres na Ciência põe, para já, o foco em 137 investigadoras. 137 histórias de sucesso que têm contribuído em muito para o enraizamento da ciência na sociedade portuguesa e que, espera a Ciência Viva, possam vir a inspirar jovens a seguir a sua vocação.
A Ciência em Portugal – Neste ensaio passa-se em revista o estado da ciência em Portugal, nas suas múltiplas facetas: história, organização, produtividade, ligação à economia, ensino e divulgação das ciências. Usando vários gráficos e tabelas, mostra-se o grande progresso alcançado nas últimas décadas, sem esquecer de apontar o muito que falta fazer para que, na área decisiva da ciência e da tecnologia, Portugal seja um país mais competitivo à escala internacional.
No panorama internacional destacam-se livros como The Silk Roads, Gut and This is going to Hurt. Em Portugal, recomendamos a leitura de A Ciência e os seus inimigos, Mulheres na Ciência e A Ciência em Portugal.