“As artes são essenciais para a nossa saúde e bem-estar”
Matthew Hancock, Secretário de Estado da Saúde do Reino Unido, acaba de lançar uma iniciativa de “prescrição social” que passa por recomendar aos médicos do país que “prescrevam tratamentos terapêuticos baseados em arte ou tratamentos à base de passatempos, que permitam aos pacientes combater questões como a demência, a psicose, as doenças pulmonares, entre outros problemas de saúde”, esclarece Meilan Solly, jornalista do Smithsonian.
O plano, é, aparentamente, simples, e passa por, entre outras atividades com maior foco cultural, “inscrever pacientes em aulas de dança e em aulas de canto, ou, quem sabe, talvez, ajudá-los a desfrutar da sua própria playlist de músicas”.
No discurso proferido por Matthew Hancock, no dia da sua tomada de posse, o político britânico referiu uma citação de Confúcio, acrescentando que “a música produz um tipo de prazer do qual a natureza humana não pode, jamais, prescindir”.
Com estas ideias em mente, Matthew Hancock lança, assim, aquela que denomina como uma “dieta de artes” para todos.
Referindo-se às Artes e às Humanidades, o político esclarece: “Elas não são apenas um direito de cada um de nós na busca pela verdade e pela expressão da condição humana. Não devemos valorizá-las apenas pelo papel que desempenham no sentido de trazer significado e dignidade às nossas vidas. Devemos valorizar as artes e as atividades sociais porque, de facto, estas são essenciais para a nossa saúde e bem-estar. E, acreditem, não sou apenas eu, como ex-secretário de Estado da Cultura a dizê-lo. Está comprovado cientificamente. O acesso às artes e às atividades sociais melhora a saúde física e mental dos indivíduos”.
Provavelmente, todos nós já nos cruzámos com alguns destes estudos que apontam tremendos benefícios para a saúde decorrentes daquilo que Hancock classifica como “atividades sociais”. Mas, o que diz, de facto, a investigação sobre este assunto?
“Os benefícios terapêuticos de nos envolvermos com as artes estão bem documentados”, afirma Meilan Solly, jornalista do Smithsonian, citando estudos que envolvem sobreviventes de um AVC a conseguir grandes progressos após tocar com a Royal Philharmonic; aulas de dança que melhoram o foco e a concentração de indivíduos com pscicose precoce ou, até mesmo, o caso de pacientes que conseguem melhorar a sua condição pulmonar através da participação em aulas de canto.
Para além disso, muitos estudos demonstram o benefício que a visita a museus ou o usufruto de outras atividades culturais pode trazer.
No que diz respeito a esta iniciativa, embora tenham decorrido ensaios semelhantes no Canadá, o projeto britânico revela-se, simultaneamente, “mais abrangente e menos polivalente”, tendo como objetivo reunir diversos tipos de atividades, desde as aulas de culinária, à jardinagem e a “desafios com maior foco cultural”.
A proposta de Matthew Hancock é centrada no pressuposto de “maior prevenção e maior transpiração” contra os “medicamentos e o Prozac”.
Assim, considerando tudo aquilo que já sabemos sobre a importância do bem-estar emocional para a saúde física, resta seguir a ideia de Matthew Hancock quando afirma, como escreveu no Twitter no passado dia 6 de novembro, que: “o acesso às artes melhora a saúde mental e física das pessoas e isso torna-nos mais felizes e mais saudáveis. A arte não é um luxo, mas sim um ingrediente necessário para o crescimento humano”.
Como refere Paulo Crawford, professor de Humanidades da Saúde, na Universidade de Nottingham, “embora as artes não tendam a ser pensadas em termos médicos, a verdade é que constituem um ‘serviço de saúde sombra’, que proporciona um tipo de felicidade que, simplesmente, não podemos encontrar em nenhum outro sítio”.